21 novembro, 2011

Artigo de Jatene sobre a divisão do Pará


O governado do Pará, Simão Jatene (PSDB) escreveu artigo divulgado nos jornais O Liberal e Diário do Pará se posicionando acerca a divisão do estado para a criação de Carajás e Tapajós. Acompanhe o que diz o governador:
“Minhas amigas e meus amigos.

O Pará vive o maior desafio da sua história recente. No plebiscito do próximo dia 11 de dezembro, cada paraense, cada homem e cada mulher, terá a responsabilidade de dizer se quer o Pará unido ou dividido em três pedaços.
Como todo paraense, também estou preocupado com a votação, mas como governador tenho a obrigação, a responsabilidade, de estar particularmente atento ao que ocorrerá no dia seguinte ao plebiscito. Quais as consequências reais e os desdobramentos dessa disputa.
Todos sabemos que a questão da divisão do nosso Estado não é coisa nova, à semelhança de vários projetos de divisão territorial existentes no Congresso Nacional, envolvendo estados de grandes e pequenas extensões, como Minas Gerais e Piauí, estados muito ricos e muito pobres, como São Paulo e Maranhão, entre outros. Entretanto, não se pode negar que, até o ano passado, esse assunto, em maior ou menor intensidade, se constituía discurso de alguns políticos nas suas campanhas eleitorais e se esgotava no pós-eleição; portanto, com consequências bem diferentes do que pode ocorrer agora, quando ameaça virar elemento de conflito entre irmãos.
Paraenses, ainda que eu deseje o contrário, tudo leva a crer que, seja qual for o resultado do plebiscito, o dia seguinte será marcado por mágoas, ressentimentos e desconfianças que podem se tornar duradouras, considerando que, diferentemente das eleições regulares que se renovam a cada quatro anos, o plebiscito terá caráter muito mais efetivo e permanente.
E aí cabe perguntar: quem vai cuidar das feridas? E dos ressentimentos? Como evitar que eles se enraízem nos corações e mentes da nossa gente?
A insegurança é maior quando sabemos que o projeto de divisão em pauta não foi fruto de qualquer estudo prévio que procurasse definir o perfil de cada novo Estado. Quais os municípios que deveriam integrar esse ou aquele Estado para que se tivesse um melhor equilíbrio econômico, social e político, para que o povo fosse efetivamente beneficiado. Não, a população em todo esse processo, lamentavelmente, não teve seus interesses considerados. Foi apenas ‘um detalhe’. ‘Detalhe’ que, agora, tem a responsabilidade de decidir diante de um ‘prato feito’, sem poder mudar mais nada.
Até que seja provado o contrário, os parcos estudos existentes não fundamentam uma proposta de divisão, quando muito tentam justificar, ou não, uma divisão baseada num elevado grau de aleatoriedade e subjetividade. E é neste cenário que, como governador, tenho que mediar interesses para que os problemas não se agravem.
Se o ‘não’ for vitorioso, teremos que buscar, todos juntos, cada vez mais, aproximar as regiões e fortalecer o que nos une, implantando novas formas de gestão territorial. Por outro lado, se for o contrário, entre o plebiscito e a implantação de um novo Estado, como ficará a governança do todo que na prática ainda se manterá unido? Quanto tempo levará a efetiva implantação do novo Estado, uma vez que para tal tem que ser ouvida a Assembléia Legislativa, o Congresso Nacional e até a Presidência da República?
Amigas e amigos, o governador, independentemente da sua vontade, tem a responsabilidade constitucional e institucional e o dever ético de conduzir essa questão tão delicada, alertando e tratando das rugas, buscando evitar que as cicatrizes se eternizem.
Os estados até hoje criados o foram em condições bem diferentes das atuais, não colocando em confronto as pessoas, não onerando ainda mais as populações locais e, nesse sentido, nos ajudam muito pouco sobre a experiência do dia seguinte que terá que ser vivida por nós, em certo sentido cobaias de um processo novo e diferente.
Por tudo isso, é preciso ter cuidado ao tratar dessa questão. A ética da responsabilidade me impõe deveres dos quais não posso me afastar. Entretanto, se a responsabilidade me aconselha isenção, do mesmo modo, até por amor à nossa gente, me exige que alerte a todos sobre alguns riscos.
Sempre digo que o voto é tanto mais expressão democrática quanto mais as pessoas souberem sobre o que estão votando; caso contrário, ele pode se transformar no simples aval popular para interesses de alguns, chancela da vontade de grupos específicos.
Assim, não posso deixar de registrar a minha preocupação diante dos rumos da campanha, particularmente na televisão, onde salta aos olhos que o ‘vale tudo’ está em marcha. Falo, exemplificando, do esforço de tentarem destruir a autoestima do paraense e mostrar, como alternativa, que a simples divisão, automaticamente, trará ganhos financeiros aos três estados.
Ora, com todo o respeito que possa ter pelos que fazem tal afirmação, ela não tem qualquer fundamento técnico, como pretendem seus defensores. Pelo contrário. Se quanto à elevação das despesas a criação de novos estados não deixa dúvidas, quanto às receitas, pelo menos atualmente, qualquer prognóstico se faz sob enorme incerteza. Especialmente nesse momento que as transferências federais, e em especial os critérios de distribuição do Fundo de Participação dos Estados (FPE), até por decisão judicial, devem ser reformulados até o final de 2012.
Minhas amigas e meus amigos, eu nunca vi alguém de Belém dizendo que não gosta dos irmãos de Santarém; do mesmo modo, jamais vi alguém de Santarém dizendo que odiava o povo de Marabá. Não, felizmente isso não faz parte da nossa história.
Temos dificuldades, sim, mas quem não as tem? Historicamente, fomos usurpados de nossas riquezas sem que parte da classe política fosse capaz de se unir na defesa das mesmas. Por que jamais nos mobilizamos, efetivamente, para fazer com que a República compensasse o nosso Estado pela fantástica contribuição que sempre deu, e continua dando, para o desenvolvimento brasileiro? Quem tiver boas propostas que as apresente, mas não posso aceitar que, na tentativa de impor seus interesses, qualquer grupo fantasie a realidade e recorra a meias-verdades, levando a nossa população, sobretudo a mais simples, independente da região em que vive, a equívoco e frustração. Não posso aceitar que a luta pela divisão do território se transforme em divisão do nosso povo.
A Europa está cheia de exemplos em que as lutas religiosas, étnicas, deixaram feridas que não cicatrizam. Não podemos permitir que isso aconteça conosco. O Pará não merece isso. A nossa gente não merece.
No peito de cada paraense, esteja ele em Belém, Santarém, Marabá, Altamira, São Felix do Xingu, Chaves, ou em qualquer lugar, bate um coração generoso e vencedor, sempre aberto e disponível a ajudar a todos, até com as nossas riquezas e belezas. Por isso, basta que nos determinemos, individual e sobretudo coletivamente, que construiremos uma sociedade mais feliz.
Que Deus nos dê sabedoria e ilumine a todos”.

6 comentários:

  1. jatene voce nao mora no sul do para. nos nao queremos um governo de tres dias. queremos um governo permanente emanados a nos. que conhea cada canto do sul do para.cada vila,cada buraco do nosso chao

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  2. Governador, o Sr. Deixou claro que é contra a divisão (nas entrelinhas), perdeu uma grande oportunidade de ser corajoso e dizer com todas as palavras que está no muro, ou melhor que é contra ( que mal há em dizer a verdade , escreva aí no seu bloquinho de anotações. Se não passar a divisão o Senhor é o culpado, se passar, procure voto em outro lugar não nos municípios onde seriam o novo estado. Tá perdido, reeleição já era.

    Manoel Carvalho.

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  3. Governo sempre ausente agora aparece pedindo voto para o não! Deixa o povo decidir. O povo quer liberdade e governo presente, o Pará é querido Jatene Nâo. Fique com seu não e deixa o povo votar sim.

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  4. ATENÇÃO. FAZ´SE NECESSÁRIO MELHOR DIVULGAÇÃO DOS NÚMEROS. HÁ DIVULGAÇÃO DE OPINIÕES OPOSTAS COM O MESMO NÚMERO.

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  5. TENHO APENAS 2 PERGUNTINHAS AO NOSSO ILUSTRE GOVERNADO;

    1º QUANTOS VEZES ELE NÓS VISITOU APOS ELEITO?

    2º O PELO MENOS O ICMS ARECARDADO PELO NOSSA REGIÃO SERAM EMPREGADOS AQUI?

    WANDERSON TUCUMÃ

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  6. ATENÇÃO!
    Assistindo hoje(09.12.2011) à TV SENADO aquando da apresentação da Ministra Miriam Belchior para fazer um balanço do PAC(Plano de Aceleração do Crescimento) relativo ao exercício corrente,com a participação de vários Senadores, na oportunidade esta fizera uma explanação de todas as obras que estão no PAC e o percentual de implantação das mesmas. Foram várias obras citadas pela Ministra em todo o Brasil.
    Por ocasião da fala do Senador Flexa Ribeiro, este apenas indagou a Ministra por quê a Presidenta Dilma tirou dos planos do PAC, a desobstrução do pedral do Lourenço(próximo a Marabá) para permitir a navegabilidade integral do Rio Tocantins, onde as barcaças da Vale possam transportar minérios, bem como as navegações para o transporte de produção do agronegócio da região, e dos Estados próximos? Empreendimento este tão sonhado pelos paraense há mais de 20 anos, e que vem sendo protelado por todos os Governos Federais que passaram e o atual. Como uma verdadeira exclusão social e esquecimento desta região. Na oportunidade o Senador pediu clemência à Ministra, solicitando uma reunião com a Presidenta e a bancada paraense para tentar chegar a um consenso sobre o assunto,haja vista que não tem perspectiva no longo prazo para ser solucionado.
    A navegabilidade do Rio Tocantins irá permitir o transporte de tudo que será produzido na Alpa( Aços Laminados do Pará), pela empresa VALE. Este projeto da Vale é grandioso, e irá gerar centenas de milhares de empregos em Marabá e região, e segundo o Senador Flexa, sem esta parte terminada, o projeto poderá parar e sem perspectiva de retorno.
    Agora, a pergunta que não quer calar: “ cadê os políticos de Belém, que novamente foram omissos e deixaram mais esta pendência para a nossa região.? Cadê a Ana Júlia, e o Paulo Rocha que são da base aliada do Governo?. Como esse pessoal deixou a Dilma tirar esse plano dos seus planos, já que o Lula o havia colocado. Projetos menos importante foram dados andamento, em razão da força política de outros Estados, mas como o Pará tem uma bancada fraca não consegue viabilizar os planos tão importante não só para esta região, mas para o próprio país na medida que se iniciará um processo de verticalização do ferro guza e agregação de valor ao nosso produto.
    É por essas e outras( aliás muitas outras), é que vejo apenas uma luz no fim do túnel para nós carajenses, e à luta pela emancipação, e tem que ser encampada por todos nós. Acho que não preciso falar mais nada, pois os argumentos a favor da divisão são enormes Não podemos ser algozes de nós mesmos e mantermos uma situação desta pra sempre.

    LIBERDAD MAIS QUE TARDIA!
    VOEM SIM

    George Leyte

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