Os plebiscitos sobre a redivisão do Pará para criação do Tapajós e Carajás serão os primeiros depois da Constituição de 1988, que prevê a subdivisão das unidades federativas mediante a consulta popular em plebiscito, consulta à Assembleia Legislativa e ao Congresso Nacional.
TEMOS QUE NOS DEDICAR DE CORPO E ALMA NESSA CAMPANHA OU VAMOS MORRER NA PRAIA.
ResponderExcluirA pesquisa da manipulação
Lúcio Flávio Pinto
A pesquisa encomendava por O Liberal ao Vox Populi incluiu mais dois temas. Um, foi a divisão do Pará. A pergunta feita (a todo o universo e não apenas aos moradores da capital) foi: “De maneira geral, como você avalia a possibilidade de o Pará ser dividido em três Estados?”. Considerando a margem de erro, houve empate técnico e qualquer prognóstico seria temerário: 33% acham que a divisão é negativa, 31% a consideram positiva e 29% não sabem ou não responderam.
No cruzamento por região, 57% da população de Belém acham a divisão negativa, contra apenas 9% de positivos e 29% de indecisos. Mo interior, surpreendentemente, apenas 37% do interior aprovam a criação dos dois novos Estados propostos, 26% são contra e 29% estão indecisos.
Já diante da pergunta seguinte (“Sabendo que uma das etapas desse projeto é a realização de um plebiscito com a população paraense, qual seria o seu voto?”), a oposição ao retalhamento na capital sobe para 67% e a posição favorável no interior chega a 43%, reduzindo-se a margem de indecisos para 20% e 22%.
Que conclusão tirar desses números? Que a pesquisa é de pouca valia para aferir a disposição do eleitor que irá votar no plebiscito de 11 de dezembro. Porque não pondera os resultados pelo peso eleitoral do interior ou da capital. Não basta indicar os resultados da sondagem em Belém e no interior se não está acrescentado o percentual de cada uma das partes no colégio eleitoral. Mesmo se considerado apenas o interior, a pesquisa teria que ser subdividida entre os dois Estados propostos (Tapajós e Carajás) e o restante do interior, com as devidas ponderações.
O erro é elementar. Espanta que o Vox Populi o cometa. Mas não surpreende, sabendo-se quem é o cliente. Os objetivos de O Liberal são utilitários. Talvez por isso o responsável pela encomenda tenha levado dois meses para divulgar a pesquisa, preparando bem a fórmula. Ela teria que atender o outro objetivo, de atingir o governo de Simão Jatene. Quanto a este quesito, a pesquisa parece bastante convincente. Por um detalhe simples e evidente: coincide com a realidade perceptível empiricamente.
Verifica-se que o novo governo é mal avaliado em todos os setores sociais, por ordem de gravidade: saúde, segurança pública, educação (estrutura física das escolas) e emprego. Mas verifica-se também que enquanto esses segmentos são considerados críticos em Belém, o interior sente mais a falta de estrada e de apoio à produção do que, evidentemente, a capital. Os problemas sociais nos ermos paraenses já fazem parte da rotina do abandono, por isso os índices de críticas são menores. Mas não tanto que não imponham o problema espacial do Pará como vital, saiam ou não os novos Estados. Se o Pará voltar a ser o mesmo depois do plebiscito, a situação só vai piorar.