08 janeiro, 2012

O plebiscito, os bois e seus nomes

Frede Silveira
       
     Engana-se redondamente quem pensa que os efeitos colaterais do
resultado do plebiscito do 11 de dezembro passado esgotaram-se com a
contagem dos votos e a constatação de que o Sim havia perdido.
Principalmente levando-se em consideração a espetacular votação em
favor da separação.
       Tenho usado os meios de comunicação de que disponho, principalmente
nossa coluna daqui do Correio do Tocantins, para demonstrar o ledo
engano de quem assim está pensando. Os argumentos contrários a quem
tem essa convicção são inquestionáveis, a começar pela inequívoca e
quase unânime adesão da população residente nas regiões emancipandas.
Ora, quando quase 94% do povo diz que quer se separar do estado mãe, o
Pará, com o propósito de criar os estados do Carajás e Tapajós deixa
claro para quem quiser saber o seu real desejo. Foram 1.200.000 homens
e mulheres de todas as classes sociais que disseram não a continuidade
do atual estado de dependência e consequente penúria de uma região
reconhecidamente rica e próspera do ponto de vista econômico, mas que
fica muito a desejar nas questões sociais em larguíssima escala.
       A população vai guardar por muito tempo na memória o nome de alguns
políticos, líderes empresariais e comunitários, sindicalistas e demais
lideranças, que foram frontalmente favoráveis a manutenção da atual
situação em que vive todo um povo honesto e trabalhador e que até hoje
acredita ser possível, sim, mudar essa triste realidade em que está
mergulhada ao longo do tempo.
       Para ficar apenas aqui por Marabá, onde faço parte de um grupo, a
Comissão Brandão, que juntamente com algumas outras entidades e
reconhecidas pessoas, faz um trabalho de décadas em prol da criação do
estado do Carajás posso afirmar que do desenho idealizado inicialmente
pela cúpula diretiva para desenvolver um trabalho de massificação da
campanha pelo Sim, de onde mais se esperava foi de onde menos se
obteve apoio.
       Ficou determinado pela Frente do Sim Carajás um desenho pelo qual
haveria uma Frente Municipal (servindo de modelo a todos os 39
municípios), composta de três dirigentes, a saber: O presidente, que
seria o prefeito municipal; o vice-presidente, que seria o presidente
da Câmara dos Vereadores; e um secretário, que foi indicado por um
grupo minoritário e que, por estranha coincidência, seria eu mesmo.
Ocorre que isso não funcionou. E, claro, não poderia funcionar mesmo,
principalmente aqui em nosso município onde o senhor prefeito nunca
foi propriamente dito um grande entusiasta na luta pela separação. O
vice-presidente da dita Frente Municipal, no caso o presidente da
Câmara de Vereadores, por conta de seus prováveis múltiplos encargos
não teve muito tempo a dedicar a campanha. E o secretário, por acaso
esse escriba, não passava de um simples enfeite posto embaixo da mesa
de decisões sem direito ao menos de escutar o que se decidia. O
resultado dessa fórmula miraculosa inicialmente foi o que já era
esperado: puro e simples fiasco, engodo.
       Na verdade o centro de decisões estava muito longe daqui,
deslocando-se entre Xinguara, Redenção, Brasília e Salvador. Sim,
Salvador mesmo, a cidade do salvador da pátria Duda Mendonça que muito
antes do dia D, segundo se comenta já estava a léguas do tiroteio
final. Mas essa, como outras, é outra história. Outras histórias que,
por sinal, por ocasião da campanha eleitoral deste ano certamete virão
à tona com todos os bois e seus respectivos nomes. E que fique bem
claro: jamais se deve brincar com a memória e inteligência do povo. A
vingança poderá ser cruel. É só esperar.

2 comentários:

  1. Acho que não devemos baixar à cabeça neste momento, e desistirmos da luta pelo nosso ESTADO DE CARAJÁS.Lembro-me como se fosse hoje quantas e quantas vezes li em jornais locais de Marabá, assisti à reportagens em TV'S e rádios em que muitas pessoas(políticos, empresários, professores) se envolveram muito nesse processo, para agora desisirmos assim? Não! Temos que continuar essa luta.
    Ora, como ressalta a matéria do Sr. Frede Siveira, se somos 1.200.000(um mihão e duzentos mil eleitores), temos condições de eleger alguns Deputados Estaduais, Federais e pelo menos um Senador em 2.014. Basta para isso planejarmos antecipadamente e não deixarmos as negociações políticas em cima da hora, e colocarmos o interesses das regiões de Carajás e Tapajós acima dos interesses de partidos e de políticos de Belém, pois senão eles interfirão nesse processo, e novamente serão a maioria do pessoal na câmara, e nós fcaremos a ver navios.
    E uma forma de continuarmos essa luta é justamente neste ano(2012), e em 2014 os CARAJENSES elegerem para os cargos de Prefeitos, Vereadores, Deputados e Senadores todos aos políticos desta região,os quais se engajaram nessa luta, e tenho a certeza que continuarão lutando. Acho que aqueles políticos marabaenses que ficaram em cima do muro, e se acovardaram de alguma forma, temos que colocar na geladeira por muitos anos.
    VAMOS APRENDER A VOTAR, POIS SÓ ASSIM PODEREMOS MUDAR ESSA SITUAÇÃO NO LONGO PRAZO.
    George Leyte

    ResponderExcluir
  2. George Leyte, tem toda a razão!
    Temos que aprender a votar, ter esperança, acreditar em coisas melhores.

    Mudar esta situação hipócrita;

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...